A Missão de Ensinar

21/06/16

 

Depois de um longo período sem escrever nessa coluna, quero continuar agora nossa catequese sobre a Igreja, seguindo as pegadas de nosso querido Papa Francisco, que alguns anos atrás também fez uma série de catequeses sobre esse tema. Queria nessa reflexão falar agora sobre o Múnus de Ensinar, que Nosso Senhor Jesus Cristo confiou aos Apóstolos, e esses por sua vez, iluminados pelo Espírito Santo, confiaram a seus sucessores, os Bispos, que juntamente com os Presbíteros, seus cooperadores, “têm como primeira tarefa anunciar o Evangelho de Deus a todos os homens” (CIC n. 888). O “Catecismo da Igreja Católica” deixa bem claro que a Missão de Ensinar, conferida aos Bispos e aos Presbíteros, foi dada pelo próprio Senhor.

Os Bispos e os Presbíteros são os arautos da fé, que levam novos discípulos a Cristo, sendo, portanto, os doutores autênticos da fé apostólica, providos da autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Essa Missão de Ensinar foi transmitida aos Bispos para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos Apóstolos. Assim, Cristo conferiu à Sua Igreja uma participação em Sua própria Infalibilidade, pois Ele é a Verdade. E pelo “sentido sobrenatural da fé”, o Povo Santo de Deus se atém indefectivelmente à fé, ou seja, crê na verdadeira fé sem se desviar da Verdade, sempre sob a guia do Sagrado Magistério vivo e infalível da Igreja.

O Magistério dos Bispos, sempre unidos ao Papa, deve proteger o Povo Santo de Deus dos desvios e afrouxamentos da fé, garantido ao Povo de Deus a possibilidade de professar sem erro a fé autêntica. Assim o Magistério está ordenado ao cuidado pastoral para que o Povo de Deus permaneça sempre na Verdade que liberta, que é Cristo.

Assim, quem por primeiro goza dessa infalibilidade é o Papa, chefe do Colégio dos Bispos, que na qualidade de Pastor e Doutor supremo de todos os fiéis, e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, uma questão doutrinal relativa à fé e aos costumes.

Essa mesma infalibilidade prometida à Igreja reside no Corpo Episcopal, isto é, nos Bispos, quando estes exercem seu Magistério supremo em união com o sucessor de São Pedro, o Papa. Isso se dá, sobretudo em um Concílio Ecumênico, como foi o caso do Concílio Vaticano II, ocorrido há pouco mais de cinqüenta anos atrás.

E se o Magistério supremo da Igreja propõe alguma coisa a se crer como sendo revelada por Deus e como ensinamento de Cristo, é preciso que nós, os fiéis em Cristo, na sua totalidade, consintamos na obediência da fé a tais definições. É necessário, portanto, darmos nossa adesão às verdades infalíveis propostas pelo Magistério, que são como que uma extensão do próprio “Depósito de fé” confiado por Cristo à Sua Igreja, fazendo parte da Revelação de Deus.

E os Bispos, como sucessores legítimos dos Apóstolos, têm a mesma assistência do Espírito Santo, quando estes ensinam em comunhão com o Papa. Os Bispos, em comunhão com o Bispo de Roma, que é o Papa, podem também, sem chegar a uma definição infalível e sem se pronunciar de forma definitiva, propor no exercício do Magistério ordinário, um ensinamento que leva o Povo de Deus a uma compreensão melhor da Revelação em matéria de fé e de costumes. Nós, os fiéis em Cristo, nesse caso devemos nos ater a esse ensinamento com “religioso obséquio do espírito”, que se distingue do assentimento de fé, por não se tratar nesse caso de um ensinamento infalível. Porém, nesse caso se trata também de algo que é de suma importância em nossa vida de fiéis discípulos-missionários do Senhor.

Nessas poucas palavras extraídas quase que na íntegra de nosso “Catecismo”, fica bem claro e evidente a importância de vivermos, como Povo Santo de Deus, na obediência da fé conforme nos é transmitida pelo Magistério vivo e infalível da Igreja, que o ensina com autoridade; pois o Magistério juntamente com a Missão de Reger e Santificar tem também a Sagrada Missão de Ensinar.

Infelizmente, muitos filhos da Igreja e mesmo grupos organizados de fiéis, seja por ignorância ou por um diabólico espírito de desobediência, acabam se afastando da Verdade transmitida pelo Sagrado Magistério da Igreja, caindo assim em heresia. É muito triste constatar esse lamentável quadro de negação de verdades de fé por parte de muitas realidades eclesiais, chegando até a membros da própria Hierarquia da Igreja.

Esses desvios de fé, que têm se tornado comum em muitos meios eclesiais, podem ser observados de diversas formas, mas são muito presentes principalmente na Liturgia e no ensinamento moral da Igreja.

Quantos abusos litúrgicos presenciamos hoje em muitas Dioceses, Paróquias e mesmo em muitos Santuários, transformando a Liturgia, especialmente a Santa Missa, em shows artísticos ou em apresentações folclóricas, como é o caso da lamentável “Missa Crioula” no sul do Brasil, ou das conhecidas “Missas shows” de alguns Padres cantores.

No ensinamento moral a coisa fica ainda pior, oscilando entre o rigorismo exagerado de grupos conservadores até o laxismo extremo e irresponsável de grupos progressistas de cunho libertacionista.  Todos esses casos, somados a outros semelhantes, é de se lamentar profundamente, pois levam os fiéis ao desvio da fé, se constituindo na fumaça de Satanás que penetrou no seio da Igreja, como ensinava com dor no coração o Beato Paulo VI.

Que Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, interceda pelo Povo Santo de Deus, para que este sempre se deixe guiar pelos seus legítimos Pastores, e abandone para sempre os falsos profetas que levam o rebanho à perdição. Amém!!!

 

Autor:Flávio Cividanes de Quero
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