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CONFRÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
58ª Assembleia Geral 12 a 16 de abril de 2021 Formato Virtual 58ª AG
SE/Sul Quadra 801 Conj. B / CEP 70200-014 - BrasÃlia - DF – Brasil Fone:(61) 2103 8300 / 2103 8200 / 98173 5967 / 98173 5958 E-mail: secretariogeral@cnbb.org.br Site: www.cnbb.org.br
MENSAGEM DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB
AO POVO BRASILEIRO
Esperamos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. (2Pd 3,13)
Movidos pela esperança que brota do Evangelho, nós, Bispos do Brasil, reunidos, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 12 a 16 de abril de 2021, neste grave momento, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro.
Expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, à s famÃlias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo, manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes, prestado serviços essenciais e contribuÃdo para enfrentar a pandemia.
O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e polÃtica, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados.
Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no coração dos discÃpulos de Cristo1. Tudo o que promove ou ameaça a vida diz respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e polÃticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada2.
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1 cf. Gaudium et Spes, 1.
2 cf. CNBB, Mensagem ao Povo de Deus, 2018.
3 Papa Francisco, Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres, 2020.
Louvamos o testemunho de nossas comunidades na incansável e anônima busca por amenizar as consequências da pandemia. Muitos irmãos e irmãs, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, movidos pelo autêntico espÃrito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis. Com o Papa Francisco, afirmamos que “são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”3. As iniciativas comunitárias de partilha e solidariedade devem ser sempre mais incentivadas. É Tempo de Cuidar!
Somos pastores e nossa missão é cuidar. Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade. Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito à s celebrações presenciais. Reconhecemos agradecidos que nossas famÃlias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsÃdios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem  intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento.
Na sociedade civil, os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”4. Isso exige competência e lucidez. São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possÃvel. O auxÃlio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindÃvel para salvar vidas e dinamizar a economia5, com especial atenção aos pobres e desempregados.
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4 Constituição Federal, art. 196.
5 cf. CNBB, OAB, C.Arn´s, ABI, ABC e SBPC, O povo não pode pagar com a própria vida,10 de março de 2021.
6 cf. Papa Francisco, Mensagem para o lançamento do Pacto Educativo Global, 12 de setembro 2019.
7 Papa Francisco, Laudato Si´, 145.
8 Papa Francisco, Laudato Si´, 112.
9 Papa Francisco, Fratelli Tutti, Cap. V.
10 cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 233.
É preciso assegurar maiores investimentos em saúde pública e a devida assistência aos enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema Único de Saúde - SUS. São inadmissÃveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no paÃs. Rejeitamos energicamente qualquer iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mÃnimo constitucional do orçamento na saúde e na educação.
A educação, fragilizada há anos pela ausência de um eficiente projeto educativo nacional, sofre ainda mais no contexto da pandemia, com sérias consequências para o futuro do paÃs. Além de eficazes polÃticas públicas de Estado, é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco6.
Preocupa-nos também o grave problema das múltiplas formas de violência disseminada na sociedade, favorecida pelo fácil acesso à s armas. A desinformação e o discurso de ódio, principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religião como instrumento de disputa polÃtica, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade.
Merece atenção constante o cuidado com a casa comum, submetida à lógica voraz da “exploração e degradação”7. É urgente compreender que um bioma preservado cumpre sua função produtiva de manutenção e geração da vida no planeta, respeitando-se o justo equilÃbrio entre produção e preservação. A desertificação da terra nasce da desertificação do coração humano. Acreditamos que “a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”8.
É cada vez mais necessário superar a desigualdade social no paÃs. Para tanto, devemos promover a melhor polÃtica9, que não se submete aos interesses econômicos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica não só a aproximação entre grupos sociais distantes, mas também a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulneráveis10.
Fazemos um forte apelo à unidade da sociedade civil, Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil. Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”11
Papa Francisco, Mensagem 58ª. AG CNBB.
Com a fé em Cristo Ressuscitado, fonte de nossa esperança, invocamos a benção de Deus sobre o povo brasileiro, pela intercessão de São José e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
BrasÃlia, 16 de abril de 2021.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo de Belo Horizonte – MG Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre - RS
1º Vice-Presidente
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Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima - RR
2º Vice-Presidente |
Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de São Sebastião do
Rio de Janeiro - RJ
Secretário-Geral da CNBB
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