PRESBITERADO: SINAL DE CRISTO E DA IGREJA

 

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES
“SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”

 

PRESBITERADO: SINAL DE CRISTO E DA IGREJA

  

FERNANDO RENATO SALZILLO PEREIRA

 

 

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
JUNHO / 2019


CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES
“SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”

 

 

FERNANDO RENATO SALZILLO PEREIRA
Presbiterado: Sinal de Cristo e da Igreja

  

Trabalho apresentado como conclusão da disciplina de Ordens e Ministérios, sob a orientação do Professor Me. Pe. Ronaldo José Miguel.

   

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
JUNHO / 2019

 

 

  1. JESUS E O MINISTÉRIO SACERDOTAL

Na sagrada escritura Jesus Cristo é chamado por vários títulos: filho de Davi, o Bom Pastor, o Nazareno, Messias, Cordeiro Imolado, etc...; mas em um primeiro momento pode-se dizer que a ação de Jesus Cristo não foi sacerdotal porque ele não era da linhagem de Levi e nem a sua família de Aarão.
O papel do sacerdote no Antigo Testamento era agir como representante dos homens, entrando em sintonia com Deus para oferecer o sacrifício para o perdão dos pecados em favor dos homens. Neste dia o sacerdote estando no santo dos santos presidia o sacrifício no tabernáculo pedindo a Deus o perdão dos pecados.
o sacerdote em seu ofício era um homem diferenciado da comunidade, segundo TABORDA, era um homem separado:
O sacerdote pertence também ao mundo do sagrado: é pessoa sagrada. “Separado” do profano, ele transmite ao ser humano, através de ritos, algo de instabilidade do sagrado. Por sua ação, o sacerdote garante a ordem cósmica com que se confunde também a ordem política. Sua função social é assim francamente conservadora da ordem vigente que se identifica com o sagrado. (TABORDA, 2011).

O sacerdote, considerado como sagrado, assim como afirma TABORDA, oferecia diante de Deus o clamor dos homens sobre o perdão dos pecados.
Em Jesus Cristo, a história muda de quadro, pois o Senhor passa a dirigir duras críticas em relação aos sumos sacerdotes, a prática de Jesus era apresentar o Reino de Deus, agora nele o homem se torna sagrado, há uma evolução no sentido religioso, o ser-humano não é considerado mais como profano a oferecer sacrifícios como perdão dos pecados, mas é reestabelecido sua dignidade. Umas das críticas levantadas por Cristo aos sacerdotes se encontram na parábola do samaritano (cf. Lc, 25-37). O que levou o sacerdote a não tocar no homem ferido seria a impureza do corpo, e para oferecer o sacrifício eles teriam que se purificar. TABORDA vai dizer que para Jesus o que importa era o Reino de Deus e não meros rituais:
Jesus relativiza, pois, o mundo sagrado e com isso reafirma que o único absoluto é Deus que ama o ser humano, o Deus do Reino. Esses dados explicam por que, havendo entre os judeus a expectativa de um Messias sacerdotal (cf. Qumran e o Testamento dos Doze Patriarcas), Jesus não tenha suscitado esta esperança. Os Evangelhos contam que o povo se perguntava se Jesus seria João Batista  redivivo, ou ainda Elias, Jeremias ou alguns dos profetas, mas nunca se menciona que alguém tivesse suspeitado ser ele o Grande Sacerdote esperado (TABORDA, 2011).
Jesus condena toda prática ritualística dos sumos sacerdotes, porque ele apresenta uma novidade que é o Reino de Deus, que não é deste mundo. O que Cristo se referia era justamente a prática do amor, da justiça, da caridade, e assim transforma o que era ritual em boas ações, e para TABORDA esta é a essência da novidade do sacerdócio em Cristo:
Para descrever o caminho de Jesus, o autor da Epístola aos Hebreus lança mão de vocabulário cultural, ritual e sacerdotal, mas o transforma intrinsecamente, aplicando-o à realidade profana da existência da história de Jesus. Ao contrário do sacerdócio do Antigo Testamento, o de Cristo não se radica no âmbito ritual, mas histórico. Jesus vem a ser o sacerdote não por sua separação dos demais, como casta sacerdotal, mas, ao contrário, fazendo-se semelhante aos que sofrem. Só pode ajudar a quem sofre, aquele que participa do seu sofrimento. Por isso Cristo foi capaz de ajudar a humanidade e não o pôde o sacerdócio aarônico. (TABORDA, 2011).
A novidade aqui apresentada por TABORDA apresenta não um Cristo Sacerdote ritualístico, mas um Sacerdócio que está a serviço com os pobres e marginalizados.
Cristo veio para anunciar a vontade do Pai, e o desejo do Pai é que Ele e os homens vivam em harmonia, esta harmonia se realiza no sacerdócio em Cristo, e por seu intermédio é possível chegar ao amor e a misericórdia divina.
Continua TABORDA:
Se Jesus é agora o Sumo Sacerdote que “vive para sempre para interceder” por nós, é porque, por solidariedade com os irmãos, se dispôs a fazer a vontade do Pai, tornando-se semelhante a nós em tudo, menos o pecado. O Jesus Cristo presente na comunidade como sumo sacerdote, reinando glorioso à direita do Pai, é o mesmo que em sua vida mortal suplicava ao pai com clamores e lágrimas que o salvasse da morte. (TABORDA, 2011).
O que TABORDA que dizer é, que com a sua morte na Cruz, Jesus Cristo se torna sacerdote, pois oferece a Deus um culto a partir do seu sofrimento e do seu oferecimento na Cruz, e um sacrifício, na qual, se entrega totalmente como oferenda viva nos braços do Pai.
Esta entrega de Jesus ao Pai, ele se faz Sacerdote, oferece e se sacrifica pela expiação do mundo, esta entrega VANHOYE caracteriza como Nova Aliança:
Se quisermos expressar com uma fórmula breve, tenho a impressão de que deveríamos denominar a novidade do sacerdócio de Cristo como “o sacerdócio da nova aliança”. Na última ceia, Jesus tomou o cálice do vinho e disse: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue” (Lc 22,20; 1 Cor 11,25). Cristo é um sacerdote de uma categoria, porque é “medianeiro de uma nova aliança”(Hb 9,15). (VANHOYE, 2010)
Aqui VANHOYE que dizer que Jesus se coloca a serviço do Reino de Deus, “como aquele que se põe a servir” (Lc 22,27).
O sacerdócio em Cristo é constituído em favor dos homens para o bem da humanidade, assim como nos afirma a Sagrada Escritura: “Todo sumo sacerdote, escolhido dentre os homens, é constituído para o bem dos homens em tudo aquilo que se refere a Deus” (Hb 5,1).
Enquanto o Antigo Testamento se preocupava em manter o sacerdote separado dos outros, o Novo Testamento coloca o sacerdócio como aquele que serve, que se solidariza com o homem, VANHOYE diz:
No sacerdócio de Cristo, ao contrário, a insistência sobre o aspecto de mediação muda completamente a perspectiva, renovando-a de uma maneira radical. A ideia de santificação por meio de ritos de separação é eliminada; no seu lugar encontra-se a santificação no meio de um dinamismo de comunhão. A instituição da Eucaristia é a sua realização mais impressionante. (VANHOYE, 2011).
Para se tornar sacerdote, Cristo se dignou viver em tudo a condição humana, ou seja, se tornou semelhante a seus irmãos, aqui, diz respeito ao sofrimento, a provação, a humilhação: “foi levado à consumação através do sofrimento” (Hb 2,10).
VANHOYE diz:
Um modo semelhante de se tornar sumo sacerdote está em oposição diametral com o antigo conceito. No lugar de uma separação ritual, encontramo-nos diante de uma solidariedade existencial. No lugar de um movimento de elevação acima dos outros, encontramos uma humilhação levada ao extremo. E no lugar de uma proibição de todo e qualquer contato com a morte, deparamo-nos com a exigência de aceitar o sofrimento até a morte. (VANHOYE, 2011).
VANHOYE quer dizer que Jesus não tinha privilégios, não apresentava linhagem de família sacerdotal, mas muito pelo contrário, o senhor se esvaziou-se para oferecer a sua vida pela humanidade.
Portanto, em Cristo o sacerdócio se torna ministerial, porque ele se oferece, se coloca em serviço em favor daqueles que precisam do amor e da misericórdia de Deus.

 

  1. O MINISTÉRIO SACERDOTAL NA IGREJA

Para o ministério sacerdotal na Igreja, uma designação que vem acompanhando a igreja desde seu início é o de Pastor, que é usado para se referir aos ministros ordenados como pastores do povo de Deus. Sobre isso TABORDA explica:
A figura do pastoreio para o ministério eclesial é base bíblica. Em vários contextos, aqueles que têm a função de direção na Igreja são relacionados com a função de pastor. Embora, com exceção de Ef 4,11, jamais se use o termo pastor como título de um ministro, encontra-se, porém, metáforas que sugerem o pastoreio em praticamente todas as diversas camadas da tradição (TABORDA, 2011).
Dentro da vida eclesial segundo TABORDA o termo pastor está ligado a Jesus Cristo que é o sumo sacerdote por excelência. O sacerdócio ministerial está intrinsecamente em comunhão com o sacerdócio de Cristo. Cristo é o Bom Pastor, e segundo TABORDA, o pastoreio dos presbíteros está configurado a vida ministerial de Jesus:
A metáfora está presente nos padres, desde o início para expressar a função de direção, própria ao ministério ordenado. Inácio de Antioquia compara o bispo ao pastor. O Pastor de Hermas vitupera os maus pastores. Tertuliano, em sua época montanista, convida os pastores a não fugir no momento da perseguição. Cipriano é criticado pelo clero de Roma, durante a vacância da Sé Romana depois do martírio de Fabiano, por ter fugido de Cartago por ocasião da perseguição e sua atitude é constatada com a do bom pastor. (TABORDA, 2011).
Aqui TABORDA afirma que segundo a tradição apostólica na vida da igreja, o termo pastor sempre se referiu aos guias espirituais do povo de Deus, como na igreja primitiva, com os Apóstolos, quanto na igreja da tradição, com os ministros ordenados.
Sobre a designação pastor, Taborda elenca quatro pontos importantes:
1) O Pastor guia, conduz, caminha à frente das ovelhas. 2) O pastor provê. Sua atuação visa a que o rebanho viva e se multiplique. Pascer, apascentar é procurar pastagem, alimento...; 3) O pastor está atento as ovelhas no seu empenho por defende-las, vigiar por elas, não deixa-las expostas ao perigo de animais ferozes ou salteadores. Daí a importância do cajado no exercício de sua função...; 4) O pastor é solidário, tem com o rebanho uma ligação afetiva, conhecimento, amizade e solidariedade. Chega mesmo ao falar com as ovelhas, consequência de sua longa permanência sozinho com elas, longe da convivência humana. (TABORDA, 2011)
Esta imagem de pastor, na época de Jesus, é usada como metáfora também para designar aos ministros da igreja como pastores, mas para compreender isso é preciso entende-la à luz de dois textos de João: Jo 10 e Jo 21. A alegoria do bom Pastor. O bom Pastor aqui se fundamenta em Cristo, que é ser de Deus, pois se entregou a morte para a salvação da humanidade.
É neste contexto em que se fundamenta o ministério hierárquico na vida eclesial. Ele é conferido através do sacramento da ordem. Segundo a CNBB:
O ministério dos bispos, presbíteros e diáconos é uma participação especial no sacerdócio de Cristo, participação que difere essencialmente do sacerdócio comum dos fiéis. Com efeito Cristo, por especial efusão do Espírito no sacramento da Ordem, torna os apóstolos, os bispos e seus colaboradores mais próximos participantes de sua consagração e missão, conferindo-lhes aquela autoridade e poder sagrado, com que o próprio Cristo “edifica, santifica e governa” seu corpo. (CNBB, 1981)
Segundo a CNBB, o sacerdócio ministerial hierárquico têm como base os apóstolos, que receberam diretamente de Cristo a função de pastorear o povo de Deus. Eles receberam de Jesus Cristo o pastoreio onde foram consagrados sacerdotes, profetas e reis, e assim na sucessão apostólica o ministério ordenado tem sua base em Cristo cabeça e a igreja seu corpo.
A CNBB diz:
O ministério ordenado ou hierárquico, portanto, deve ser compreendido a partir da própria consagração e missão de Cristo. Cristo, cuja vida é servir ao Pai e, por amor a este, servir aos homens, está revestido da autoridade do pai que não deriva nem dos títulos, nem das instituições do Antigo Testamento. É profeta, sacerdote e rei, não como os antigos o eram. É o verbo de Deus encarnado. Como pessoa divina, que assume a condição histórica humana, une a Deus toda a realidade, a vida e a morte dos homens. (CNBB, 2011)
Segundo a CNBB, os ministros da igreja são consagrados a Jesus Cristo, porque o seu ministério está dentro do ministério de Cristo presente na igreja.
Em uma reunião sinodal, em 1971, os bispos dizem:
Os presbíteros, por conseguinte, encontram a sua identidade, na medida em que vivem plenamente a missão da igreja e a exercem, de diversas maneiras, em comunhão com todo o povo de Deus, como pastores e ministros do Senhor, no Espírito, para atuarem, praticamente na história, os desígnios da salvação. (SÍNODO DOS BISPOS, 1971)
O SÍNODO DOS BISPOS de 1971, afirma em reunião de colegialidade que a identidade do presbítero está na missão de Jesus Cristo como Bom Pastor.
E sobre sua função afirma:
“Os presbíteros têm, de fato, como primeiro dever anunciar a todos o Evangelho de Deus e, pela palavra da salvação, realmente, que a fé é suscitada no coração dos infiéis e alimentada no coração dos fiéis”. (SÍNODO DOS BISPOS, 1971)
O Padre, enquanto continuador da missão de Jesus Cristo, tem por dever ser o bom pastor do rebanho a ele confiado. O DOCUMENTO DE APARECIDA, diz:
O sacerdote não pode cair na tentação de se considerar somente mero delegado ou apenas representante da comunidade, mas sim um dom para ela, pela unção do Espírito e por sua especial união com Cristo. “Todo Sumo Sacerdote é tomado dentre os homens e colocado para intervir a favor dos homens em tudo o que se refere ao serviço de Deus” (Hb 51). (DOCUMENTO DE APARECIDA, nº 193, 2007)
Segundo o documento, uma tentação que o padre pode cair é justamente de se sentir que sua missão se resume apenas a um cargo de administrador, ou um “patrão”, não, a missão do sacerdote é justamente intervir para a salvação dos homens.
O documento pontifício, Diz:
Os presbíteros, pois, conscientes de sua função de reconciliar todos os homens no amor de Cristo e atentos aos perigos das divisões, apliquem-se, com grande paciência e caridade pastoral, em formar comunidades imbuídas de zelo apostólico, que faça com que se torne presente por toda a parte o espírito missionário da igreja. (SÍNODO DOS BISPOS, 1971)
Aqui se encontra a finalidade do ministro ordenado na igreja, de levar o amor, e a misericórdia de Deus ao mundo, pregando o Reino de Deus.
Portanto os ministros ordenados, seguindo o modelo de Cristo bom pastor, seguem uma vida “separada”, ou seja, consagrada a Cristo, para trabalhar na construção do seu Reino de Amor, Justiça e de caridade.

 

  1. O MINISTÉRIO SACERDOTAL À LUZ DO VATICANO II

Desde a igreja primitiva, o sacerdote é compreendido como aquele que é uma extensão de Cristo aqui na terra. Nestes dois mil anos de história, a Igreja passou por inúmeros concílios afim de estudar e compreender o ministério ordenado na vida da Igreja, desde então a igreja tem se debruçado sobre este assunto.
O presbiterado, só é compreendido como colaborador da ordem episcopal, ou seja, o presbítero na sua comunidade é aquele que age, e fala na pessoa do bispo, que está ligado a cabeça que é Jesus Cristo.
Por este motivo TABORDA vai dizer:
O ministro só pode ser entendido a igreja e a partir da igreja, na dupla perspectiva da comunhão das igrejas e da comunhão dos fiéis. Comunhão não se origina de uma concentração de poder, mas do serviço ministerial à fé das pessoas e à vida da comunidade. (TABORDA, 2011)
Para TABORDA, o ministro ordenado age “in pesona Christi”, mas ele está inserido dentro de uma comunhão de igrejas, uma só igreja, há muitos membros, mas uma só igreja, uma só comunidade, assim o sacerdote age também “in persona ecclesiae”.
Na igreja com Concílio Vaticano II, a igreja deixou muito mais claro o mistério do ministério ordenado, assim o Vaticano II, definiu que o ministério mais importante é o episcopal. TABORDA, diz:
O ministério fundamental é, pois o do bispo. Sua missão provém de Cristo e consiste, em primeira linha, em testemunhar a fé e a salvação que o senhor nos concedeu por sua morte e ressurreição...; O presbítero está unido ao bispo na “dignidade sacerdotal, embora não tenha a plenitude do sacerdócio. (TABORDA, 2011)
Assim em comunhão com o bispo, o ministro ordenado está participando da comunhão com a igreja.
A constituição Apostólica Lumen Gentiun, nº 10 diz:
O sacerdócio ministerial, em virtude do poder sagrado que o caracteriza, visa a formação e o governo do povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico em nome de Cristo e o oferece, em nome do povo. Os fiéis por sua vez, em virtude de seu ministério régio, tomam parte na oblação eucarística. Exercem contudo seu sacerdócio na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho da vida santa, na abnegação e na prática da caridade. (LUMEN GENTIUN, Nº312)
Segundo a constituição, o sacerdote é colaborador da ordem episcopal, e o seu poder advém do bispo que o dignifica como ministro qualificado da ordem presbiteral. O decreto do Vaticano II, Presbyterorum ordinis, diz:
A função dos padres, em união com a ordem episcopal, os torna, pois, participantes, da autoridade com que Jesus Cristo constitui seu corpo, santifica-o e o governa. Por isso, o sacerdócio dos padres, ou presbiterato, supõe os sacramentos da iniciação cristã, e é conferido por um sacramento específico. Ao receber a unção do Espírito Santo, os presbíteros são marcados com um caráter especial, que os configura a Cristo sacerdote e os faculta agir em lugar de Cristo cabeça. (PRESBYTERORUM ORDINIS, Nº1246)
Os sacerdotes no batismo e na ordenação recebem o Espirito Santo, o Espírito que age na igreja, ou seja, a igreja é a dispensadora do Espírito de Deus, penetra no coração do sacerdote e o coloca em sintonia com o sacerdócio de Jesus.
Portanto o ministério do padre é ser sinal de Cristo e da igreja no meio do povo, anunciando o evangelho e salvação em Cristo Jesus. Ainda o decreto vai dizer:
O objetivo do ministério e da vida dos padres é a promoção da glória de Deus em Cristo, a qual consiste em que os seres humanos acolham consciente e livremente, com gratidão, a obra de Deus realizada em Cristo, e a manifestem em toda a sua vida. (PREBITERORUM ORDINIS, Nº 1248)
Portanto, o ministério do presbiterado é uma continuação dos mistérios de Jesus Cristo aqui na terra, é ser sinal de Jesus Cristo e testemunha da sua missão. Ser sinal de Cristo é ser bom pastor, cuidar das ovelhas apascentar o rebanho, e estar em sintonia com a graça de Deus.
O presbítero é colaborador da ordem espiscopal, é a presença da igreja, e do Espírito Santo na comunidade.

 

CONCLUSÃO

O Ministério sacerdotal é compreendido como aquele que leva a palavra e amor de Deus onde estiver. O sacerdote age “in persona christi” e “in persona ecclesiae”, na pessoa de Cristo porque o seu sacerdócio se fundamenta no sacerdócio de Cristo que se fez sacerdote e oferenda para a expiação do mundo. Na pessoa da igreja porque Cristo confiou aos ministros da igreja que dispensasse o Espírito Santo por todo mundo por meio do batismo.
Como foi argumentada neste artigo, a função sacerdotal não pertencia a linhagem de Cristo, nem pertencia a descendência de Levi e nem de Aarão, mas em si, Cristo se fez sacerdote para se oferecer como vítima dos pecados da humanidade. Enquanto no Antigo Testamento a função sacerdotal se resumia a rituais, onde o sacerdote na presença do santo dos santos oferecia o ritual de sacrifício, no Novo testamento Jesus apresenta um sacerdócio de serviço, e se coloca como aquele que serve em favor dos homens.
Na igreja de Cristo, o ministério ordenado, está fundamentado nesta nova concepção de Jesus, ele que se entregou como vítima e se fez sacerdote para se oferecer ao Pai. O sacerdócio ministerial é um sacerdócio de serviço, de entrega, de consagração a Jesus Cristo, é um sinal de Cristo porque é um continuador da sua Boa Nova, é se torna sinal da Igreja porque participa ativamente do corpo eclesial de Cristo.
O Vaticano II, em sua síntese manifestou profundamente o pensamento da Igreja em relação ao ministério ordenado, e à sua luz, o padre na igreja é a presença do próprio Cristo, e na comunidade a presença da própria igreja que é o corpo de Cisto.
Portanto, o sacerdócio apresentado por Jesus, é um sacerdócio que está em favor do povo de Deus, na ministração dos sacramentos e do serviço da salvação.

 

BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA DE JERUSALÉM. 1. Ed. São Paulo: Paulus, 2002.
CONCÍLIO VATICANO II. Mensagens, Discursos e Documentos. Tradução: Fancisco Catão. São Paulo: Paulinas, 2007. 2. Ed.
CONFERÊNCIA EPISCOPAL LATINO-AMERICANO  E DO CARIBE. Documento de
Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Episcopal Latino-Americano e do Caribe. São Paulo, Paulus: 2008.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Vida e Ministério do Presbítero Pastoral Vocacional. Edições Paulinas: 1971.
SÍNODO DOS BISPOS. Documentos Pontifícios: O Sacerdócio Ministerial. Editora Vozes: Petrolina, RJ: 1972.
TABORDA, Francisco. A Igreja e Seus Ministros, Uma Teologia Do Ministério Ordenado. São Paulo: Paulus, 2011.
VANHOYE, Albert. A Novidade do Sacerdócio de Cristo. Omnis Terra – Pontifícia União Missionária Secretariado internacional. 2010.

 

 

-FIM-

paginas--> 1 2